Fotografias são uma bela maneira de contar histórias. Vivemos em uma era onde tudo é registrável, e a pior das fotos pode conter um momento inesquecível para quem a tirou.
Porém, achar que esse hábito é algo recente é um erro, já que sempre fomos fascinados por fotografia. Desde a época das polaroids até a dos filmes fotográficos, sempre tivemos uma paixão pelo registro dos momentos que consideramos marcantes, sejam belos ou não.
A história de Top Gun: Maverick é contada através dessa premissa, revivendo a nostalgia com fotos do primeiro filme (Top Gun: Ases Indomáveis, 1986), mas indo além nesse quesito.
A trama está tão vinculada à esses momentos nostálgicos que temos uma reencenação de uma das cenas icônicas do primeiro filme, onde Anthony Edwards tocava “Great Balls of Fire” no piano, em um bar. Dessa vez, a música fica por conta do Miles Teller, com seu bigode igualmente ridículo.
Apesar de contar com a nostalgia como um fator essencial, o filme consegue ter personalidade como uma continuação, se apoiando no que tem de melhor: Tom Cruise. E o diretor Joseph Kosinski não se esforça para lutar contra isso, ao contrário, se agarra com todas as forças.
O astro de Hollywood já teve dias melhores, e é nítido que o tempo também está passando para ele, mas o seu vigor e autoestima incansáveis ainda permitem que ele se posicione como um astro de ação, que rouba a cena pra si próprio em todas as ocasiões.
Mesmo com um elenco de jovens talentos, como o já citado Miles Teller, Glen Powell, Monica Barbaro, ou nomes já famosos em Hollywood, como Jennifer Connelly, Jon Hamm e Ed Harris, o protagonismo é absoluto em Cruise (o subtítulo Maverick não é por acaso).
No enredo, temos um clássico filme onde desde o começo, sabemos que tudo vai dar certo no final. Existe uma tensão nuclear ao estilo Rússia – Ucrânia que é emulada com uma missão de extrema urgência, que precisa ser designada aos melhores pilotos da academia, sob a tutela do melhor piloto disponível (talvez não o melhor, mas o mais destemido).
Contudo, apesar de simples, a história surpreende visualmente, com os efeitos visuais e cenas de máxima claustrofobia, onde vemos Tom Cruise fazer “piruetas” sem a ajuda de dublês (o que torna tudo muito mais angustiante).
Por vezes, o filme emula a vida real, e é difícil não acreditar que o próprio Cruise não fale algo como “não pense, só faça” para todos do elenco, assim como seu personagem faz em diversos momentos para a equipe de pilotos que está sob sua curadoria, em especial para o Bradley Bradshaw (Miles Teller).
Há momentos marcantes, como o reencontro entre Mitchell (Tom Cruise) e Kazanski (Val Kilmer), onde vemos toda a dificuldade de fala de Kilmer após seu câncer na garganta, descoberto em 2016. O personagem serve uma âncora para Cruise, um porto seguro. E apesar da diferença de idade entre os dois atores ser de apenas três anos, são grandes as distinções em cena.
Penny (Jennifer Connelly) é o interesse amoroso de Mitchell, um amor sempre prometido, mas nunca concretizado, em função do estilo de vida limítrofe do piloto. E aqui, o filme pontua a grande virada de chave para o personagem, sobre o que é mais importante: ser o melhor piloto ou continuar vivo ao lado das pessoas que ama?
O grande embate do filme fica por conta do enfrentamento entre Bradley (Miles Teller) e Mitchell. O pai de Bradley é o antigo amigo e parceiro do piloto, Goose (Anthony Edwards). Com o peso da morte do amigo, Mitchell não quer que a história se repita, mas incentiva o garoto a agir pelo impulso, pelo sentimento de estar no controle da aeronave.
Top Gun: Maverick é uma filme que ressalta o protagonismo de Tom Cruise em ser um personagem de si mesmo. Sempre galanteador, com a alma e o espírito de um jovem, uma personalidade completamente destemida e uma vontade de fazer sempre o melhor, o astro conversa com o personagem que interpreta, como se fossem a mesma pessoa.
Ficha técnica:
Top Gun: Maverick
Gênero: Ação/Aventura
Duração: 2h17min (137min)
Direção: Joseph Kosinski
Estrelando: Tom Cruise, Jennifer Connelly, Miles Teller, Ed Harris, Val Kilmer, Glen Powell, entre outros.
Estreia nacional em 26 de maio de 2022
Nota: 8/10
Equipe Canal In
Repórter: Marco Dias
Editor: Ricardo Henrique
Foto: divulgação