Filme fica no meio do caminho entre brasileiro e americano
Um mundo onde o Natal nunca existiu. Essa realidade alternativa é a proposta de “O Primeiro Natal do Mundo”, novo filme do Amazon Studios, que estreia nesta sexta-feira (8) e é o primeiro filme nacional de Natal do streaming.
No filme, acompanhamos o início da celebração natalina da família Pinheiro Lima, formada por Pepê (Lázaro Ramos), um professor de história, viúvo, pai de duas meninas, e sua nova esposa, Tina (Ingrid Guimarães), uma chefe de cozinha divorciada e mãe de dois filhos.
O típico casal brasileiro vive uma véspera de Natal caótica quando uma das crianças deseja que a data desapareça e o pedido é atendido.
Neste mundo em que ninguém ouviu falar do Natal, eles embarcam numa jornada para recriar o feriado, suas tradições e valores.
O Primeiro Natal do Mundo é um filme feito para o streaming. O ritmo é mais cadenciado, os momentos de pausa são sentidos – e esperados, para o telespectador levantar, ir ao banheiro ou pegar uma água.
A proposta de criar um mundo onde o Natal não existe é interessante e, apesar do filme propor traços característicos da celebração aqui no Brasil, a produção tá mais para uma história americana.
Algumas coisas na construção desse universo natalino “brasileiro” nos fazem duvidar da origem do filme, como um protagonista usando camisa xadrez de flanela em pleno verão no Rio de Janeiro (dava pra ter feito diferente).
No elenco, o destaque fica para Lázaro Ramos, que entrega toda a sua performance digna do Bando de Teatro Olodum, com canto, dança e atuação.
Ao seu lado, o elenco mirim, composto por Theo Matos e Valen Gaspar roubam ao cena, com emoções genuinamente infantis, que arriscam um riso do telespectador.
Há um grande ponto de crítica no filme às lojas de varejo brasileiras. Explicitamente, o filme cria a “Mega Silvana”, loja de produtos ao estilo Magazine Luiza ou qualquer outra loja de comércio popular, denunciando práticas de mercado conhecidas pela população.
A crítica é válida, mas perde o valor por dois motivos: a já citada exposição explícita, didática da mensagem, e o “disfarce” da Amazon para se colocar como superior na disputa do comércio eletrônico.
Vale lembrar que o filme é uma produção do Amazon Studios, então a crítica gira em torno da autopromoção da marca.
O grande problema do filme, como já mencionado, é sua essência. Como um filme de Natal americano, falta a neve.
Como produção brasileira, falta a “brasilidade”. Estacionado no meio do caminho, temos um filme de streaming genérico, uma boa pedida para um domingo à noite, na hora de dormir.
Ficha técnica:
O Primeiro Natal do Mundo (2023)
Duração: 1h34min
Gênero: Comédia/Natalino
Direção: Susana Garcia e Gigi Soares
Elenco: Lázaro Ramos, Ingrid Guimarães, Yasmin Londuik e outros.
Equipe Canal In
Repórter: Marco Dias
Editor: Ricardo Henrique
Foto: divulgação